Código do Trabalho: 67
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Título:
PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE PACIENTES SEM CORONARIOPATIA OBSTRUTIVA COM PRIMEIRO EVENTO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: DADOS DE UMA COORTE PROSPECTIVA
Autores:
HELOISA BUDAL MEIER, LAURA POETA, RAFAELA BERNARDI OGLIARI, GABRIELA REZENDE CARVALHO, DANIEL MEDEIROS MOREIRA, ROBERTO LEO DA SILVA, TAMMUZ FATTAH, JAMIL CHEREM SCHNEIDER, RODRIGO DE MOURA JOAQUIM
Tema Livre:
Introdução: As doenças cardiovasculares, em especial o infarto agudo do miocárdio (IAM), são condições de grande impacto socioeconômico e morbimortalidade. Cerca de 6-8% dos pacientes com IAM não apresentam coronariopatia obstrutiva. Esses indivíduos têm, possivelmente, características clínicas e evolução diferente daqueles com aterosclerose obstrutiva.
Métodos: O objetivo foi avaliar a prevalência de pacientes sem coronariopatia obstrutiva em uma população de primeiro IAM e suas características clínicas, utilizando uma sub-análise do registro Catarina Heart Study, coorte prospectiva para avaliação da ocorrência de primeiro evento de IAM em populações de dois centros terciários de cardiologia. Foram selecionados, consecutivamente, indivíduos com mais de 18 anos, sem doença arterial coronariana prévia, de julho de 2016 até fevereiro de 2023. Os pacientes foram divididos angiograficamente entre aqueles sem coronariopatia obstrutiva (Grupo MINOCA), definida como a presença de lesões epicárdicas determinando estenose coronariana < 50% (SYNTAX escore = 0) e sem revascularização; e com coronariopatia obstrutiva aqueles cuja lesão determinasse obstrução luminal > 50%. Os pacientes foram comparados quanto à presença de fatores de risco cardiovascular, o tipo de infarto e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). O seguimento em 1 ano incluiu a análise da ocorrência de eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM) - composto de mortes por qualquer causa, angina instável, acidente vascular encefálico e reinfarto; e de reinternações.
Resultados: Foram avaliados 1211 pacientes; desses, 107 (8,8%) eram do grupo MINOCA e 1104 (91,2%) do grupo com coronariopatia obstrutiva, cujo SYNTAX escore médio foi de 15±8,9. Evidenciou-se no grupo MINOCA, maior prevalência do sexo feminino (43,92% x 30,61%, p=0,01); média de idade inferior (57,93 x 60,90 anos, p=0,03); menor prevalência de tabagismo (20,80 x 33,36, p=0,01) e de consumo semanal estimado de álcool (22,40 g vs 44,60 g, p<0,05). Menos pacientes tiveram apresentação clínica de IAM com supra de ST no grupo MINOCA (12,15% vs 53,10%, p<0,001) e a FEVE média, após o evento, foi mais elevada também nesse grupo (56,30 vs 50,70%, p<0,001). No seguimento de 1 ano não houve distinção entre a incidências de eventos cardiovasculares maiores e necessidade de reinternações hospitalares entre os grupos.
Conclusões: A prevalência de MINOCA foi de 8,8% e os pacientes eram mais do sexo feminino, mais jovens, tinham menor prevalência de tabagismo e menor consumo de álcool. A FEVE foi maior nesse grupo após o evento e a apresentação clínica mais comum foi de IAM sem supra de ST quando comparado ao grupo com coronariopatia obstrutiva.
Palavras Chave:
INFARTO DO MIOCÁRDIO, MINOCA, ESTUDOS RETROSPECTIVOS
Referências: