Código do Trabalho: 63
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Título:
ENDOCARDITE DE VALVA PROTÉTICA CONFIRMADA POR PET-SCAN: RELATO DE CASO
Autores:
ANNA SOPHIA SCHWEITZER HERMES ROSA, GABRIELLE CRISTINA RAIMUNDO, JOANA WAGNER SCHURY, ANA CAROLINA CALDARA BARRETO
Tema Livre:
Introdução: A endocardite infecciosa apresenta um desafio diagnóstico devido à apresentação clínica variável. Revisão sistemática de estudos randomizados mostraram que não há diferenças no desenvolvimento de endocardite quando uso bioprótese ou prótese mecânica. No entanto, a prótese biológica apresenta taxa de recorrência hospitalar três vezes maior.
Descrição do caso: Feminina, 70 anos, hipertensa, dislipidêmica, AVC isquêmico há 10 anos, valvuloplastia aórtica e cirurgia de revascularização do miocárdio prévia em 2013, foi admitida em hospital terciário, com quadro de angina instável. Submetida a cateterismo e angioplastia de tronco coronária esquerda para a artéria descendente, de oportunidade. Durante internação em UTI, foi identificado sopro holossistólico audível na borda esternal esquerda. Ecocardiograma transtorácico mostrou fluxo turbulento em septo membranoso com gradiente esquerdo-direito >150 mmHg, compatível com Comunicação Interventricular (CIV), necessitando de melhor investigação. Ecocardiograma transesofágico mostrou prótese valvar biológica aórtica com espessamento e calcificação do anel e bordos dos folhetos, remodelamento concêntrico do ventrículo esquerdo, moderado aumento atrial esquerdo, hipertensão pulmonar, ventrículos com desempenho sistólico preservados, detectado CIV em região perimembranosa, com gradiente importante e repercussão hemodinâmica. Apresentou evolução com suspeita de endocardite de prótese biológica, evoluiu com quadro de dispneia a leves e moderados esforços, clearance renal de 26 e anemia (levantado suspeita de hemólise por disfunção valvar ou secundária ao quadro infeccioso). Endocardite confirmada por PET-SCAN, pelo aumento focal da atividade metabólica junto a prótese, foco hipermetabólico no períneo e espessamento na parede da aorta ascendente, além de hemoculturas positivas para staphylococcus epidermidis. Iniciado esquema terapêutico para endocardite por MRSE em Daptomicina e optado por antibioticoterapia ambulatorial com Home Care. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial em conjunto com infectologia e cardiologia assistente.
Conclusão
Tradicionalmente, a ecocardiografia apresenta papel central na investigação de endocardite, a partir de 2015, o PET-SCAN foi incluído no diagnóstico devido à sua alta sensibilidade e especificidade. A última década testemunhou uma extensa aplicação do PET-SCAN para avaliação da viabilidade miocárdica e forneceu informações importantes em diversos diagnósticos cardiológicos, especialmente no contexto de endocardite de valva protética. CIV é uma consequência rara mecânica do infarto agudo do miocárdio (IAM) que consiste na ruptura do septo interventricular e, na maioria das vezes, está associado à instabilidade hemodinâmica. A hipertensão arterial sistêmica, principal fator de risco para IAM, associada ao raro desfecho com CIV, quando suspeitado precocemente pode otimizar a terapêutica trombolítica e/ou cirúrgica, reduzindo as altas taxas de mortalidade.
Palavras Chave:
ENDOCARDITE INFECCIOSA; PRÓTESE DE VÁLVULA CARDÍACA; PET-CT
Referências:
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