Código do Trabalho: 59
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRUSQUE - UNIFEBE
Título:
HIPOCINESIA APICAL TRANSITÓRIA DEVIDO HIPERTIREOIDISMO: UM RELATO DE CASO
Autores:
DANIELI SCHMITT TOMAZ, MARIA CAROLINA PACHECO, LUIS EDUARDO DA ROCHA SILVEIRA
Tema Livre:
INTRODUÇÃO
Sintomas cardiovasculares são comuns em pacientes com hipertireoidismo, sendo a taquicardia a mais comum. Alguns pacientes podem ter dor precordial semelhante à angina. Em casos raros, especialmente em mulheres jovens, pode ocorrer angina em repouso com alterações isquêmicas no eletrocardiograma¹. Ao realizar um cateterismo cardíaco, a maioria apresenta artérias coronárias normais angiograficamente, entretanto, são relatados vasoespasmos coronarianos semelhantes à angina de Prinzmetal. A ocorrência de infarto do miocárdio é incomum nessas situações2.
DESCRIÇÃO DO CASO
Mulher, 59 anos, em consulta de rotina, apresenta hábitos saudáveis e nenhum fator de risco para doença coronariana. Foram solicitados exames laboratoriais, ecocardiograma e Doppler das artérias carótidas. O Doppler revelou discreto aumento da espessura médio-intimal em ambas as bifurcações e presença de dois nódulos no lobo esquerdo da tireoide. O ecocardiograma mostrou parâmetros cardíacos normais, exceto pela função diastólica indeterminada, e a avaliação da motilidade segmentar mostrou hipocinesia em região apical. A fração de ejeção foi 53%, e o valor global de strain longitudinal do ventrículo esquerdo foi -15,5%. O strain longitudinal da janela apical de duas câmaras revelou contração pós-sistólica em diversos segmentos. Os exames laboratoriais mostraram TSH <0,01, e anti-TPO de 372. Foi realizada angiotomografia de coronárias, que identificou uma placa calcificada na origem da artéria descendente anterior, resultando em uma discreta redução do lúmen. Duas semanas depois, um segundo ecocardiograma foi realizado, mostrando melhora das alterações segmentares e parâmetros cardíacos, mesmo sem tratamento específico. Nesse segundo exame, observou-se a contratilidade segmentar normal, padrão de função diastólica similar, fração de ejeção de 60% e strain longitudinal global -22,6%. Houve melhora do strain em todos os segmentos. O strain longitudinal de duas câmaras mostrou um padrão de deformação mais uniforme, sem a presença de contração pós-sistólica. Diante da ausência de evidências isquêmicas para as alterações segmentares e da melhora espontânea, foi iniciado o tratamento com tiamazol e encaminhado ao endocrinologista.
CONCLUSÕES
Ao realizar um ecocardiograma de rotina em paciente assintomático e de baixo risco, é incomum encontrar alterações segmentares da contratilidade. Dessa forma, por ser uma região miocárdica irrigada pela artéria descendente anterior, fez-se necessária a avaliação anatômica da circulação coronariana. Optou-se pela angiotomografia de coronárias devido ao seu alto valor preditivo negativo, em vez do estudo invasivo. Devido à ausência de outras explicações para o quadro clínico apresentado e pela supressão do TSH, concluiu-se que a alteração segmentar reversível foi causada pelo excesso de hormônio tireoidiano circulante.
Palavras Chave:
HIPERTIREOIDISMO; ISQUEMIA MIOCÁRDICA; VASOESPASMO CORONÁRIO
Referências:
1. Klein I, Ojamaa K. Thyroid hormone and the cardiovascular system. N Eng J Med. 2001; 344(7):501-9.
2. Mann DL, Zipes DP, Libby P, Bonow RO. Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10ª Edição Elsevier; 2016.