Código do Trabalho: 26
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: HOSPITAL SOS CARDIO / INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA
Título:
OCLUSÃO PERCUTÂNEA DO APÊNDICE ATRIAL ESQUERDO - RESULTADOS HOSPITALARES E SEGUIMENTO CLÍNICO
Autores:
LUIZ CARLOS GIULIANO, LUIZ EDUARDO KOENIG DE SÃO THIAGO, LEANDRO WALDRICH, RICARDO ZANELLA ANTONIOLLI, EDUARDA VENÂNCIO
Tema Livre:
A fibrilação atrial (FA) aumenta o risco de eventos tromboembólicos por êmbolos originados no apêndice atrial esquerdo (AAE). Métodos mecânicos para a oclusão do AAE foram desenvolvidos como alternativa à anticoagulação oral (ACO) em pacientes que possuem alto risco de sangramento. O objetivo deste trabalho foi apresentar a experiência com uma série de casos submetidos a fechamento do AAE com diferentes tipos de próteses em dois centros de referência do estado de Santa Catarina.
Foram incluídos 17 pacientes com FA permanente ou paroxística, com contraindicações para o uso de ACO. A faixa etária média dos pacientes analisados foi de 74,5 ± 12,1 anos, sendo que 76,5% pertenciam ao sexo masculino. O score CHA2DS2-Vasc médio foi de 4,6, sendo que 70,6% dos pacientes apresentavam HAS-BLED score maior ou igual a 4. Quanto as comorbidades, 100% da amostra era portadora de hipertensão arterial sistêmica, 52,9% diabéticos, 70,6% eram portadores de doença arterial coronariana e 47,1% dos pacientes analisados já tinham sofrido AVE isquêmico prévio em vigência de ACO, sendo que 60,8% dos pacientes já apresentaram sangramentos significativos em vigência de ACO (gastrointestinais, genitourinários ou intracranianos). Eram portadores de FA paroxística 11,8% da amostra e 88,2% eram portadores de FA permanente.
O procedimento foi bem sucedido em 100% dos casos, sendo que todas as próteses foram implantadas via acesso venoso femoral e punção transeptal. Realizados sob anestesia geral com ecocardiograma transesofágico transoperatório. Em 64,7% dos pacientes foi realizado a oclusão do AAE com a prótese Lambre, 23,5% com a prótese Watchmann flex, 5,9% com a prótese ACP e 5,9% com a prótese VSD Occluder, não houveram casos que complicaram com tamponamento cardíaco ou embolização da prótese.
No seguimento, todos os pacientes foram orientados a realizar nova avaliação médica acompanhados de controle ecocardiográfico realizados após 3 e 6 meses do procedimento. O seguimento foi realizado em todos os casos, com tempo médio de 18,3 meses. Todos os AAE permaneceram fechados com os dispositivos bem posicionados sem sinais de refluxos periprotéticos e nenhum dos pacientes da amostra apresentou eventos tromboembólicos após a realização do procedimento. Apenas 3 pacientes permaneceram em uso de ACO por serem portadores de prótese mecânica mitral, foi indicado a oclusão do AAE por apresentarem múltiplos AVEi em vigência de ACO com antagonistas da vitamina K. Houve apenas dois óbitos durante o período de seguimento ambos não relacionados ao procedimento, um deles sem causa definida e outro relacionado a miocardiopatia com disfunção grave do ventrículo esquerdo.
A oclusão do apêndice atrial esquerdo se mostrou um procedimento seguro, apesar da complexidade e das comorbidades apresentadas pelos pacientes incluídos nessa amostra, e apresenta-se como uma estratégia terapêutica eficaz na prevenção de eventos tromboembólicos em pacientes portadores de FA com contraindicação para ACO.
Palavras Chave:
FIBRILAÇÃO ATRIAL, APÊNDICE ATRIAL ESQUERDO
Referências:
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