17 a 19 de Agosto de 2023

Local: Expocentro Balneário Camboriú
Balneário Camboriú - SC



Código do Trabalho: 20

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL HANS DIETER SCHMIDT




Título:
NOVA VARIANTE PATOGÊNICA EM HETEROZIGOSE NO GENE ALPK3 RELACIONADA À CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA


Autores:
LISIÊ DE AZEVEDO SCHENKEL KASPER SOARES, KÁRILA SCARDUELLI LUCIANO, RONY AUGUSTO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA DE CASSIA SANTOS FIGUEIREDO , MICHELE TAVARES MENDONÇA, BEATRIZ VIEIRA ROCA, JULIANA ALZIRA GONZALES OLIVEIRA LEGUIZAMON, JOÃO PAULO SOUZA BRIGHENTI, RAFAEL DE MARCH RONSONI



Tema Livre:
Introdução: A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) associada a variantes patogênicas em heterozigose no gene ALPK3 é uma descoberta recente e responsável por 1,5% das CMH dominantes de início na idade adulta com penetrância de 70%. Descrição do caso: Masculino, 30 anos, queixa de dispnéia aos médios esforços. História de síncope desliga-liga aos 18 anos e irmã com histórico de morte por cardiomiopatia aos 8 anos. ECG com sobrecarga atrial esquerda e sobrecarga ventricular esquerda. Ecocardiograma com septo intraventricular (SIV) 34cm, sem gradiente obstrutivo. Ressonância cardíaca (RMC) com SIV 4,07cm, massa de ventrículo esquerdo (VE) 451g, fibrose 18g. Teste genético com ALPK3 c.4840C>T (p.Arg1614*) patogênica e MYBPC3 c.2198G>A (p.Arg733His) significado incerto. Iniciado bisoprolol 10mg/dia e submetido a implante de cardiodesfibrilador (CDI). Conclusão: Variantes que geram perda de função em ALPK3 são conhecidas por serem patogênicas ao exibirem controle anormal do cálcio que levam a hipertrofia VE e comprometimento da contratilidade miocárdica. Os primeiros casos com CMH de herança autossômica dominante envolvendo uma variante ALPK3 monoalélica foram relatados em 2020. A variante patogênica apresentada em nosso relato ainda não havia sido descrita na literatura em indivíduos afetados por doenças relacionadas ao ALPK3 e está disponível de forma muito rara em bancos de dados populacionais (gnomAD 0,005%). Essa mutação apresenta fenótipo com hipertrofia severa, baixa prevalência de obstrução da via de saída VE e fibrose extensa na RMC. O seguimento mostra que aproximadamente 10% são encaminhados para transplante cardíaco em curto período após o diagnóstico e 25% são considerados de alto risco para morte súbita e encaminhados para implante de CDI; no entanto, nenhum choque apropriado foi relatado durante acompanhamento curto. Assim, o perfil de risco arrítmico ainda precisa ser determinado, principalmente em comparação com outras causas genéticas de CMH que apresentam uma coorte de maior duração e com maior compreensão de sua evolução. Embora esses dados devam ser interpretados com cautela, já que a coorte ALPK3 foi menos prevalente e a duração mais curta, a maior prevalência de cicatriz do miocárdio e encaminhamento frequente para transplante sugere que o risco de disfunção miocárdica progressiva é alto em portadores ALPK3. Apesar dos dados indicarem que ALPK3 provavelmente seja o fator genético primário subjacente a CMH nesses casos e possa ser usado para rastreamento em cascata em familiares de primeiro grau, a penetrância de tais variantes na população em geral é substancialmente menor do que quando comparada a penetrância em familiares, o que sugere que os fatores genéticos e ambientais compartilhados entre o probando e seus familiares possam contribuir para um aumento do risco de expressão do fenótipo, portanto, extrema cautela deve ser aplicada quando interpretar ou agir em qualquer ALPK3 detectado acidentalmente por meio de triagem genética.

Palavras Chave:
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA, TESTES GENÉTICOS, MUTAÇÃO

Referências:
1- Lopes LR, Garcia-Hernández S, Lorenzini M, Futema et al. Alpha-protein kinase 3 (ALPK3) truncating variants are a cause of autosomal dominant hypertrophic cardiomyopathy. Eur Heart J. 2021 Aug 21;42(32):3063-3073. 2- Jorholt J, Formicheva Y, Vershinina T, et al. Two New Cases of Hypertrophic Cardiomyopathy and Skeletal Muscle Features Associated with ALPK3 Homozygous and Compound Heterozygous Variants. Genes (Basel). 2020 Oct 15;11(10):1201.